A obra reune um conjunto de conversas entre estes dois amigos, e como não podia deixar de ser, há várias referências a Henrique Mota (amigo do Fernando e do Luís), que transcrevemos com a devida vénia. Esta é sobre o Amigo:
Não deixa de ser curioso, que os únicos
livros que fiz, de parceria, foram com duas pessoas especiais, o Luís e o
Henrique.
«Da nossa relação não vale a pena falar. A
cumplicidade que está presente neste livro diz tudo.
O Henrique, eu considerava-o, por razões
de muitas afinidades, o meu melhor amigo.
Quando ele faleceu sofri imenso a sua
perda: qualquer familiar não me levaria mais lágrimas que aquelas que brotei,
sentidamente, fora das observações alheias.
O seu sentimento de lutador por causas
colectivas levavam-no a exteriorizar alguma teimosia. Eu, quando não estava de
acordo com qualquer projecto ou o seu “modus faciendi”, dizia-lhe frontalmente,
olhos nos olhos, mas, mesmo assim, nada disso ofuscava a nossa amizade. Algumas
vezes ele ia por mim, noutras levava a sua avante. Mas acabávamos a
mini-quezília num abraço.
Faça-se a tua vontade! Dizia-lhe eu com um
sorriso trocista que concitava o meu desacerto.
Contudo, estou aqui a afirmar
concludentemente que, se o fenómeno desportivo de competição altera os
sentimentos humanos, posso pensar que, entre todas as pessoas que comigo
lidaram nesse estimulante sector, considero que, o Henrique Mota, era quase
imune, a essas alterações. E este quase é cúmplice das actuações do seu Ginásio
Clube do Sul onde foi “pau para toda a roupa”, como utente activo ou como
qualificado dirigente.
Em quase todos estes actos eu estava muito
próximo dele em todas as vertentes. Daí o enraizamento da nossa amizade.»