terça-feira, 29 de setembro de 2020

O Testemunho dos Amigos (XVII)


«Escrever sobre hábitos e pessoas é necessariamente, não só conhecê-los, mas sobretudo vivê-los de perto e senti-los.

A escrita é uma permuta.

Antes de se dar, recebe-se.

Só com sentimentos e simplicidade se consegue.

O tema não é fácil de abordar sem se cair na ironia ou menos dignidade.

O Henrique consegue-o, porque tem alma delicada.

Sempre foi assim.

São dons herdados? Sem dúvida!

Aquilo que eu conheci, ainda jovenzita e que sempre admirei.

Cacilhas tomou-o nos braços e o Henrique retribuiu com a escrita as lembranças mais queridas da sua gente.

Parabéns por mais um livro e um obrigado cheio de admiração.

Rosa, a do Mestre Zé Carpinteiro.»

[Rosa Almeida, amiga cacilhense]


(Fotografia do Arquivo Histórico da SCALA)


domingo, 27 de setembro de 2020

"A Tertúlia do Repuxo"


O "Café Repuxo" da praça Gil Vicente, quase na fronteira entre Cacilhas e Almada, recebeu durante mais de duas décadas anos alguns amigos que enchiam algumas das suas mesas para falar de associativismo, literatura, história, desporto, política, e tudo o mais que quisesse ser tema de conversa.

Naturalmente este encontro de amigos tornou-se conhecido como a "Tertúlia do Repuxo". E foi também nas mesas deste café que foi amadurecida a ideia de se criar no concelho de Almada, uma Associação Cultural. Algo que aconteceria a 5 de Março de 1994, com a fundação da SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada.

Henrique Mota, Fernando Barão, Abrantes Raposo, Victor Aparício, Artur Vaz e Diamantino Lourenço foram os primeiros tertulianos, a quem se juntariam, pouco tempo depois, José Luís Tavares, Jorge Gomes Fernandes, e de uma forma mais esporádica, Henrique Costa Mota, Virgolino Coutinho e Álvaro Costa. Quando a SCALA estava quase a nascer, apareceu o Luís Milheiro, depois ainda surgiria José Luís Guimarães (por pouco tempo...) e Luís Bayó Veiga (já no começo do novo milénio), que foi um dos últimos tertúlianos, juntamente com Luís Milheiro e Diamantino Lourenço.

Esta evocação à "Tertúlia do Dragão" deve-se também ao falecimento há três dias de Abrantes Raposo, que também se manteve na tertúlia quase até ao fim (foram os problemas de saúde que o começaram a afastar...).

O amigo dilecto de Henrique Mota nesta tertúlia era Luís Milheiro, porque ambos gostavam muito de desporto (tinham praticado atletismo os dois e gostavam de praticamente todas as modalidades desportivas...) e quando a conversa versava sobre futebol, atletismo ou outra modalidade, os outros elementos, mais dados às "intelectualidades", formavam outro grupo de conversas. Três dias antes de Henrique Mota se despedir de nós, estiveram os dois à conversa no "Repuxo" sobre o quarto volume dos "Desportistas Almadenses", que estava praticamente pronto e seria publicado postumamente...

(Fotografia de Luís Eme)


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

O Testemunho dos Amigos (XVI)


«Publicista da temática desportiva, Henrique Mota é autor de um dos seus mais importantes contributos biográficos, a obra “Desportistas Almadenses”, agora mais enriquecida com este volume.

Abnegado lutador pela expansão da cultura física, tanto como atleta ou como dirigente, Henrique Mota faz parte daquele punhado de almadenses, por adopção, que através da escrita lutam para o engrandecimento de Almada, divulgando a sua história e as suas gentes.

Sendo a amizade um tesouro inestimável, não poderia neste meu testemunho deixar de expressar toda a minha admiração e gratidão, pois estou convicto que este seu novo livro, irá como os anteriores, tornar mais rica a monografia de Almada.»

[Artur Vaz, escritor e associativista almadense]

(Fotografia de Luís Eme)


terça-feira, 22 de setembro de 2020

"A Tertúlia do Café Central"


Henrique Mota gostava de muito de estar e conversar com os seus amigos. Essa talvez seja a razão mais forte para que fizesse parte de mais do que uma tertúlia, nos cafés de Almada.

As duas mais importantes foram a "Tertúlia do Repuxo", e a "Tertúlia do Café Central". A primeira tinha mais especificidades culturais e funcionava semanalmente. A segunda era sobretudo um encontro de amigos, que falavam de tudo e de mais alguma coisa e cuja frequência era quase diária. Pensamos que foram contemporâneas e funcionaram desde o final dos anos 1980 até ao começo do novo milénio.

Foi nesta tertúlia quer tive o prazer de conhecer grandes vultos do desporto, da cultura e do associativismo almadense, com que fiz amizade e aprendi muitas coisas sobre Almada. Falo de Arménio Reis, Carlos Durão, Francisco Bastos, Miguel Cantinho, Jaime Feio, Francisco Avelar, João Mangorrinha, Orlando Avelar. E também de António Calado, Diamantino Lourenço, Manuel Gil, Joaquim Coelho, e outros amigos que eram menos assíduos.

Lembrámo-nos desta "Tertúlia" porque soubemos que no dia 16 de Setembro despediu-se de nós, o Manuel Gil, uma figura lendária de Almada. que além de ser bastante culto, era o que podemos chamar de um poeta repentista, capaz de oferecer quadras aos seus amigos, nos momentos de boa disposição, muitas vezes jocosas.

(Fotografia do Arquivo Histórico da SCALA - Henrique Mota na companhia de Arménio Reis e Francisco Bastos)


sábado, 19 de setembro de 2020

O Testemunho dos Amigos (XV)

«Mantenho uma relação de conhecimento e de amizade com o Henrique Mota que passa já muito dos quarenta anos. Quasi meio século… Tanto tempo meu Deus!

Mas o que é de salientar neste relacionamento comum, de tão longa data, é que em momento algum, a minha consideração e respeito pelo Henrique Mota, foi abalada, nem mesmo simplesmente beliscada.

As suas opiniões e as suas tomadas de posição, mesmo entre amigos, foram sempre ponderadas e pautadas por elevados critérios de lucidez, de dignidade e de extrema sensibilidade humana, os quais não lhe permitiam faltar à verdade e ceder a pressões de muitos, mesmo contra um só, desde que a razão estivesse do lado deste.

Quando falo com o Henrique Mota noto um facto muito curioso e não muito usual. Ele olha-nos nos olhos, não foge com o olhar durante o diálogo e através desse olhar franco e do seu sorriso aberto e generoso, posso constatar a grandeza e ao mesmo tempo a sinceridade e humildade da sua alma.

Quando, com o passar dos anos, passei a ter mais tempo para me interrogar melhor sobre mim próprio, sobre as coisas e sobre os outros, procurei desvendar o segredo, o mistério que fizeram do Henrique Mota um “Homem de Eleição”, um homem simples que não se deixou subverter pelas honrarias e que continua, sem descanso, a preocupar-se com o próximo, divulgando deste tudo o que ele faz e tem de bom.

Cheguei a esta conclusão:

O Henrique Mota nas suas inúmeras actividades de desportista, de técnico desportivo, de juiz de provas atléticas, de dirigente desportivo, de historiador desportivo, actividades essas que, aliás, desenvolveu sempre com trabalho persistente, esforçado e criterioso, dizia eu, dessas actividades bebeu avidamente toda a “Essência” que transborda da prática desportiva nas suas várias vertentes, mas sempre em que o “Desporto” representa verdadeiramente uma “Escola de Virtudes”, uma “Escola de Formação de Homens Íntegros”.

Quando o Henrique Mota termina uma das suas obras e lhe peço para me autografar o correspondente livro é com uma enorme emoção que o vejo escrever:

“Para o Professor Silva Marques com grande amizade e consideração do Henrique Mota”.

Bem haja Henrique Mota. Tenho um enorme orgulho em ser considerado por si como “Amigo”.»

[António Silva Marques, professor de educação física]

(Fotografia de Luís Eme)


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

O Testemunho dos Amigos (XIV)


«Atleta, juiz, dirigente – um percurso rico que Henrique Mota quis enriquecer, dedicando a quase totalidade do seu tempo na procura para publicar “Desportistas Almadenses”.
Neste III volume completa-se um ciclo de grandes valores almadenses do desporto que Henrique Mota com o seu magnífico trabalho, não deixou que ficassem ignorados.
É uma contribuição preciosa para o engrandecimento do concelho de Almada e das suas gentes.»

[José Luís Tavares, antigo árbitro e dirigente associativo]

(Fotografia do Arquivo Histórico da SCALA)

terça-feira, 15 de setembro de 2020

O Testemunho dos Amigos (XIII)


«Henrique Mota, embora não tenha nascido em Almada, é um Cacilhense assumido e um cidadão de Almada por direito próprio, com reconhecimento Municipal conquistado pelo mérito do seu longo, persistente e valioso trabalho com diversas facetas, a favor da comunidade em que se inseriu.
Desportista (Atleta – Treinador – Juiz – Dirigente - nomeadamente no seu Ginásio Clube do Sul), Escritor. A todas estas actividades Henrique Mota tem dado o seu melhor com alma, coração e competência.
Na sua faceta de biógrafo e contador de histórias, que agora se mostra mais uma vez, trabalha como sempre o fez, pelo prazer de compartilhar os seus conhecimentos acumulados ao longo da sua vida, registando os feitos daqueles que no Desporto, no Associativismo, nas Artes, nas Letras e nas suas actividades profissionais mais se distinguiram, no seu entender, contribuindo, assim, para a construção da memória colectiva das gentes desta região.
Ao Ginásio Clube do Sul, de que é figura de proa há muitos anos, dedicou muito do seu tempo, da sua energia e querer, contribuindo decisivamente para o seu progresso e desenvolvimento, tendo ainda, em parceria com Fernando Barão, produzido a obra, “GINÁSIO CLUBE DO SUL – 75 ANOS DE GLÓRIA”, que resume a história deste Clube ao longo de 75 anos de vida.
Por todo este trabalho e dedicação.

Bem haja Henrique Mota.»

[António Raposo, dirigente associativo]

Fotografia de Luís Eme)
                                                              

sábado, 12 de setembro de 2020

(Carta para um Amigo que só pode morar no céu e que fez ontem cem anos)


«Nós que estamos cá em baixo, não sabemos rigorosamente nada do que se passa aí em cima. Só os frequentadores de templos é que fingem saber mais que o comum dos mortais e até falam no paraíso e no inferno, perante a nossa indiferença e cepticismo.
Se por acaso, tiveste a oportunidade de espreitar, viste um grupo de gente - mais do que é aconselhável nesta época, embora estivéssemos todos de máscara -, que te quis homenagear neste teu dia. 
Reconheceste os teus três queridos filhos, netos, bisnetos (que já vieram ao mundo depois de partires...) e mais alguns familiares. Depois olhaste com satisfação para alguns amigos e com curiosidade para os conhecidos e desconhecidos que também quiseram estar contigo.


Foi dado alguma solenidade a esta homenagem, pois além das flores colocadas junto à placa com o teu nome, houve as palavras habituais de circunstância, ditas por autarcas e associativistas, que à excepção do teu filho Henrique, quase só ouviram falar de ti... e talvez tenham folheado algum dos teus livros, de manhã, para escolherem uma ou outra palavra bonita que te identificasse.
Não sei o que disseram porque o vento foi levando as palavras para toda a parte e só mesmo quem estivesse perto dos "bem falantes" é que te poderia contar o que foi dito.
No meio destes discursos, aqueles que te conheceram bem (éramos mais de meía-dúzia...), olharam uma ou outra vez para o céu, à procura de um sinal de ti. Sabem que se existe mesmo um lugar paradisíaco no além, tu estás lá, porque és uma das melhores pessoas  com quem partilhámos amizade, bom, digno e integro, em todas as horas.»

(Fotografias de Luís Eme - Almada)

(transcrição do texto e das imagens publicados no blogue "Casario do Ginjal", a 11 de Setembro)

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Henrique Mota Homenageado na "Rua Henrique Mota"


Henrique Mota, escritor e desportista almadense, fez ontem cem anos de idade e foi homenageado pelos seus familiares, amigos e algumas forças vivas do concelho de Almada, próximo de uma das rotundas do Feijó, junto a uma das placas da "Rua Henrique Mota", onde foi deixado um ramo de flores.

Antes da colocação das flores houve uma concentração de todas as pessoas presentes junto à praceta Bernardo Santareno (dramaturgo e médico que curiosamente também comemora o centenário do seu nascimento neste ano de 2020...), onde houve algumas intervenções, de autarcas, associativistas e familiares, que enalteceram a qualidade humana, literária e associativa, deste cacilhense de adopção, que continua a ser reconhecido como o grande historiador do desporto almadense.

(Fotografia de Modesto Viegas)

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

"O Centenário de um Amigo Único"


«Henrique Mota faz hoje cem anos.

Não foi apenas um grande atleta, treinador, dirigente e escritor de Almada e do Mundo.

Foi um dos melhores seres humanos que tive o prazer de conhecer ao longo da minha vida.

Como já escrevi, várias vezes, foi ele que me apresentou a verdadeira Almada, a cidade das pessoas comuns, mas também a Terra do associativismo, do desporto e dos amantes da história local...

Tanto que aprendi com ele, sem me aperceber, no nosso convívio tertuliano do "Repuxo" e no dia a dia da SCALA, que ele ajudou a fundar...

Permanece na minha memória como um amigo único.»


(transcrição de um texto publicado no blogue "Casario do Ginjal", por Luís Milheiro) 

(Fotografia da Colecção Particular de HM)

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

"A Rua Henrique Mota"



Por iniciativa da SCALA, no começo do Outono de 2001 (alguns meses depois do seu falecimento), os serviços de toponímica do Município de Almada foram consultados para que fosse estudada a possibilidade de se atribuir uma artéria no concelho a Henrique Mota.
A proposta foi bem aceite pela Autarquia, que reconheceu o grande contributo que Henrique Mota dera a Almada, especialmente como escritor e dirigente.
Foi aproveitada a oportunidade de se estar a construir uma nova urbanização, no local onde nasceria a maior zona comercial de Almada, onde também está situado o “Almada Fórum”, para se atribuírem ruas a Henrique Mota, Francisco Bastos, Sérgio Malpique e a António Calado (além da biografia entregue de Henrique Mota, foram também pedidas biografias de grandes campeões almadenses, tarefa realizada por Luís Milheiro).

E acabou por ser uma bela surpresa juntar estes grandes atletas e grandes companheiros (as ruas estão todas ligadas entre si) para felicidade dos seus familiares e amigos.»

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, 5 de setembro de 2020

O Testemunho dos Amigos (XII)



Um Testemunho Poético...

Corre no seu ideal absorto
Para ser livre na meta que espera
Por amor à causa do desporto
Henrique Mota arranca e acelera

Se ainda tens força e vigor
Ó Henrique Mota não pares
Ao desporto tens amor

E divulgares os teus pares


[Abrantes Raposo, poeta e associativista almadense]

(Fotografia do Arquivo Histórico da SCALA)


quinta-feira, 3 de setembro de 2020

"A Melhor Marca Nacional nos 80 metros"


Transcrevemos do livro, "Henrique Mota, Atleta, o Treinador, Dirigente e Escritor Almadense", coordenado por Luís Alves Milheiro, não apenas como tudo começou como atleta, mas um episódio que tem de ser recordado, passado nos Açores, onde Henrique cumpriu o serviço militar, em que estabeleceu a melhor marca nacional dos 80 metros, uma distância de velocidade pura.
Claro que a marca não seria homologada, mas o cronómetro registou mesmo aquele tempo...

«Henrique Mota iniciou-se na prática desportiva durante a adolescência, naquela que seria sempre a sua modalidade rainha, o Atletismo.
Estreou-se em 1937 com a camisola do Lisboa Ginásio Clube, num torneio popular organizado pelo jornal “Os Sports”. Nesse mesmo ano mudou-se para os “Unidos de Cacilhas”, clube da localidade ribeirinha onde residia, sendo a sua principal figura, juntamente com Alfredo Abrunhosa, Henrique nas provas de velocidade prolongada e Alfredo nas de velocidade pura.
Ambos deram nas vistas e no ano seguinte transferiram-se para o C.F, “Os Belenenses, o clube do seu coração, a par do seu Ginásio Clube do Sul. Henrique manteve-se no “Belém” até 1941, quando viajou para os Açores, para cumprir o serviço militar. Durante a sua permanência na ilha de São Miguel, Henrique continuou a dar nas vistas, ao ponto de ser notícia na imprensa local, pois fizera a melhor marca nacional na prova de 80 metros (8,6 segundos), que não seria homologada por a competição não ser oficial…
Este excelente resultado acabou por ser reproduzido nos jornais desportivos de então e quando Henrique regressou ao continente foi convidado para ingressar no Benfica, clube que lhe ofereceu o fato para o seu casamento.
Infelizmente teve uma passagem curta pelo clube da Luz, devido a uma lesão no joelho que o obrigou a abandonar as pistas precocemente, com apenas 24 anos…»

(Fotografia da Colecção Particular de HM)

"Henrique Mota: a amizade e a dignidade sem preço"

  Foi Henrique Mota que me trouxe para a "universo scalano" (ainda antes da fundação da SCALA), mas não é por isso que o considero...