sexta-feira, 11 de agosto de 2023

"Os três jovens que ajudaram a fundar a SCALA"...


Escrevi há pouco tempo um texto sobre os três associativistas que possuíam o espírito mais jovem, entre os 15 fundadores da SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada, que no próximo ano faz 30 anos de vida. O título que lhe dei diz quase tudo: "Os três jovens que ajudaram a fundar a SCALA".

Claro que não medi a sua juventude pelos números que constavam nos seus Bilhetes de identidade (em 1994 ainda não existia a CC...). Se o fizesse ultrapassava os 200 anos e acabava por estragar a "loiça toda".

Falo de Henrique Mota, Fernando Barão e Diamantino Lourenço, que felizmente ainda está entre nós e festeja hoje os seus 92 anos de vida e vai continuando em boa forma (tendo em atenção o seu escalão etário, claro...). física e intelectual.

Mesmo tratando-se de uma opinião, que apenas vincula o seu autor, ela é feita com conhecimento de causa. Estas três grandes figuras locais, além de oferecerem o seu historial cultural e associativo a uma Colectividade que dava os seus primeiros passos, também arregaçaram as mangas e deram um contributo decisivo para o crescimento da SCALA nos primeiros anos. 

Diamantino tinha ainda uma outra característica pessoal, que fazia dele um verdadeiro "operário da cultura", não se escusava a nenhuma tarefa, tanto podia pregar um prego na parede para uma exposição como escrever um texto escorreito, sobre qualquer grande figura de Almada ou do País, para o boletim. 

Sei que na parte final do texto que escrevi, sobre o grande contributo que estes três amigos deram à SCALA e à Cultura Almadense, levanto uma questão pertinente: como teria sido esta Associação, se tem sido fundada dez anos antes (o Henrique em vez de ter 73, tinha 63 anos, o Fernando em vez de ter 70 tinha 60 anos e o Diamantino em vez de 62 tinha 52 anos). Com toda a certeza, teriam  dado ainda mais de si ao Associativismo Cultural de Almada, tornando a SCALA ainda mais relevante.

E já me estava a esquecer: "Parabéns Diamantino!"

Nota: texto publicado inicialmente no "Casario do Ginjal".

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas, a "Tertúlia do Repuxo")


domingo, 28 de maio de 2023

O bom senso do Henrique Mota...


Já não existem muitos "vivos", que possam (e queiram...) falar das grandes figuras do Movimento Associativo Almadense.

O tempo é isso mesmo.

Foi por isso que gostei de falar com alguém que conheceu bem algumas das pessoas que me abriram as portas da cultura e do associativismo almadense.

O mais curioso foi a forma como ele me falou, com erudição e algum humor, sobre a tal meia-dúzia de amigos. 

Apesar de caminhar para o "esquecimento", o Henrique Mota foi quem recebeu mais elogios, por ter uma coisa que nem sempre se encontra nos dirigentes: bom senso.

Ofereceu-me meia-dúzia de exemplos. O exemplo mais curioso foi quando, mesmo com razão, acabou "derrotado" pela maioria dos dirigentes do seu Clube...

Acontece a muitos de nós.

Obrigado, António!

(Fotografia de Elsa Carvalho)


terça-feira, 21 de março de 2023

"A única coisa que sei, é que era Liberdade"



 A única coisa que sei, é que era Liberdade 

Olho para trás, sem virar o pescoço.
Bebo o café com mais prazer
porque sinto que estou acompanhado, 
por quase uma dúzia de amigos
que já não há.

Não sei se era poesia.
Talvez não. Era um misto de sensações,
onde cabia uma anedota e um pedaço de história,
um sorriso com e sem espanto.

Olho para trás, continuo sem mexer o pescoço.
Finjo desconhecer
se incomodávamos, ou não, os outros
plantadas nas mesas em redor.
Provavelmente sim.
Uns com inveja de não ter uma "tertúlia"
outros incapazes de ler o jornal sem silêncio.

Não digo que fosse melhor ou pior
era sim um tempo diferente,
as pessoas gostavam mais de conversar
de ler jornais e de conhecer os livros por dentro.

Olho para trás, sem conseguir mexer o pescoço.
Sem fazer contas com os dedos
sei que nesses anos noventa
havia menos dedos e mais tertulianos.
Hoje sobram tantos dedos...

Não resisto a dizer
que éramos mais livres.
Falávamos de tudo e mais alguma coisa.
O café era igual ao país,
muito, muito mais democrático.

Continuo sem saber se era poesia
o que se colava à nossa mesa.
A única coisa que sei, é que era Liberdade. 

Luís [Alves] Milheiro


(não sei se é poema, sei apenas que é a minha homenagem aos meus amigos tertulianos, que me receberam de braços abertos no "Repuxo" foram fundamentais para conhecer e gostar da Almada da história e das culturas, onde também estava o Henrique Mota, como figura central...) 


"Henrique Mota: a amizade e a dignidade sem preço"

  Foi Henrique Mota que me trouxe para a "universo scalano" (ainda antes da fundação da SCALA), mas não é por isso que o considero...