quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Autobiografia (quatro)


Continuamos ainda no desporto (e no atletismo), que foi a grande paixão de Henrique Mota...

«Em 1942 fui mobilizado como expedicionário para a ilha de S. Miguel, nos Açores, onde viria a estar dois anos e meio. Desportivamente a minha estadia ali foi benéfica. Treinava muito, realizavam-se diversas competições e atingia naquela linda ilha a minha melhor forma de sempre. Perdi apenas duas provas em que corri com sapatos de ténis... Certo dia, na final de uma prova de 80 metros, da qual guardo a fotografia da partida, em que me parece que estou a bater o "tiro" que venci e o 2.º ficou a 5 metros. Esse segundo era o José Sobral, que também corria no Belenenses, e é pai da recordista dos 200 metros planos, Maria José Sobral, também do Belenenses. Fiz uma boa prova, mas o pior é que dois cronómetros registaram 8,6 sem que tivesse qualquer culpa... Sabemos que em competição oficial seria recorde nacional. A imprensa local fez eco da "proeza" do atleta do continente, o que levantou bronca, explorada por Alberto Freitas, que afirmava não ser verdade aquele tempo. Na realidade eu dava-lhe razão, mas não em tudo o que escreveu no jornal "Os Sports".»

(Fotografia da Colecção Particular de HM)

sábado, 18 de janeiro de 2020

Autobiografia (três)


A terceira parte da história de vida de Henrique Mota:

«No Belenenses corri até 1941, onde fui sempre "titular" das estafetas 5x60, 5x80, 3x300, 4x100 e 4x400 metros. Nunca fui campeão ou recordista... mas quase. No dia 15 de Junho de 1940 corri uma prova de 500 metros, nas Salésias, em que entraram 11 concorrentes. O meu treinador recomendou-me que saisse rápido, que apanhasse a corda e lutasse... Assim fiz. Vim sempre na frente, num andamento "louco". Estava pertíssimo do fio de lã da chegada, que teimosamente parecia fugir de mim... Tinha a boca a saber a enxofre. Eis que surge o João André, belíssimo atleta do Benfica, a ultrapassar-me, sem que eu pudesse reagir. O André batera o recorde nacional de juniores com 1.10,4 e vinha abraçar a sua "lebre" que realizara 1.11,4. No mesmo ano o Francisco Bastos batia o recorde com 1.07,6.»

(Fotografia da Colecção Particular de HM)

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Autobiografia (dois)


Continuamos com a história de vida de Henrique Mota, contada na primeira pessoa:

«Depois, aos dezasseis anos, fui aprender o ofício de cortador e nessa altura já estava muito interessado com tudo o que se relacionava com o desporto. Lia todos os jornais e revistas desportivas e começava a decorar todos os nomes dos clubes e praticantes. Recordo que fui ao cinema S. Luiz inúmeras vezes ver o filme das Olimpíadas de Berlim.
Em 1937 o jornal "Os Sports" organizou um torneio popular de atletismo e em representação do Lisboa Ginásio Clube iniciava-me na actividade desportiva. Fui correr 80 e 300 metros. Fui vencendo tudo e era eliminado nas meias-finais onde só era apurado um único concorrente. Os dirigentes do Lisboa Ginásio pediram-me para que não fosse para outro clube pois pensavam em filiar-me na respectiva Associação. No ano seguinte o jornal "O Século" organizou outro torneio de atletismo que se disputou no campo do glorioso Clube Internacional de Futebol, à Estrela. Juntei um grupo de rapazes de Cacilhas, onde também jogava à bola. Eu e o Alfredo Abrunhosa fazíamos um figurão... e logo fomos pescados para o Belenenses. Caso curioso: fui despedido do talho onde trabalhava, na Estrela, portanto perto do campo do Internacional. As eliminatórias eram na parte da manhã e eu não podia faltar...»

domingo, 5 de janeiro de 2020

Autobiografia (um)


Para que os leitores possam ter um melhor conhecimento de quem foi Henrique Mota, vamos publicar em vários "posts", a apresentação que ele fez, de si próprio, no seu primeiro volume dos "Desportistas Almadenses", que intitulou "Do Autor para o Leitor":

«Meu nome: Henrique Leonardo Dias Mota. Nasci em Mafra a 10 de Setembro de 1920. Vim com os meus pais residir para o Pátio Prior do Crato, na Boca do Vento, Almada, em 1929. Em 1930 nascia o meu irmão Raimundo. Nesse mesmo ano os meus irmãos João e José jogavam futebol no União Almadense. Mas tarde eu viria a casar com uma pequena de Cacilhas. Aqui nasceriam os meus três filhos. Tenho um neto nascido em Almada e meus saudosos pais aqui se encontram sepultados. Tudo isto motivou, o eu, a considerar-me, sentimentalmente, um almadense.»

(Fotografia de Luís Eme - O Pátio do Prior do Crato de Almada na actualidade)

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Henrique Mota, um Homem Ímpar...


Este ano que começa hoje, é também o ano de Henrique Mota, um notável escritor e historiador almadense, que fará em Setembro a bonita idade de 100 anos.

Conheci-o em 1993, graças ao Jornalismo. E ele, como agradecimento, abriu-me as portas do Associativismo. 

Tornámo-nos verdadeiros amigos, e é em nome dessa amizade, que irei contribuir para que o Henrique seja recordado pela sua excelência como ser humano, e também por ter sido um extraordinário atleta, treinador, dirigente e o grande Historiador do Desporto Almadense.

Resta-me prometer, que ao longo do ano, todos aqueles que passarem por aqui, irão conhecer um pouco melhor, quem foi este grande Almadense (por adopção tal como eu...), que nos deixou em 2001.

                                                                                                                           [Luís Milheiro]

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

"Henrique Mota: a amizade e a dignidade sem preço"

  Foi Henrique Mota que me trouxe para a "universo scalano" (ainda antes da fundação da SCALA), mas não é por isso que o considero...